domingo, 23 de novembro de 2014

Rain



      



      Uma chuva torrencia cai lá fora. Leva o pó, a sujeira, as pedras do caminho. Olho para cima e me deparo com um céu todo cinza, cheio de fúria, expelindo tudo o que há de ruim em forma de gotas d'água. Elas representam a pureza, a libertação. Em um ímpeto, saio da janela e corro em direção da tempestade. Em minha volta há barulho, caos, loucura, mas eu só sinto uma calmaria que vem de dentro para fora, dominando tudo. Na mente, cenas de um passado recente dão o ar da graça, revejo e revivo cada momento que me fez sorrir e que também me fez chorar. Cada lembrança traz um gosto agridoce, que não sei dizer se é bom ou ruim. A chuva vai se silenciando, como se toda sua dor estivesse, enfim, no final. Percebo, então, que assim como a chuva, o meu lamento chegou ao fim. A água levou as dúvidas, os receios, a angústia, a saudade. A chuva lavou cada ferimento, paradoxalmente enxugou cada lágrima e ajudou a florescer algo novo. O sol, que por pouco tempo se escondeu e ouviu o choro profundo dos céus, volta aos poucos a tomar seu lugar. Ele brilha, brilha, brilha. Seca, põe em ordem toda a bagunça e clareia caminhos. Agora, depois de furacões, trovões e muita dor, eis que o arco-irís voltou. 




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