Tem uma casinha bem perto de onde moro. Lá vivem apenas duas
pessoas, apertadas dentro de um pequeno espaço, dividindo cada palavra, cada
lágrima, cada sopro de vida. Essas pessoas estão vivendo assim há, mais ou
menos, 60 anos. Juntos, unidos, um só. Ele mal anda, seus passos são fracos,
suas mãos tremem, seus olhos o traem, mas nada disso o impede de todos os dias
colher flores para sua amada.
A cada manhã, o sol se levanta e é testemunha de uma prova de
amor silenciosa e sem ganância. A mulher, que há três anos não levanta mais de
sua cama, abri seus frágeis olhos e tudo o que vê são cores, flores, amores.
Ela não diz uma frase sequer, mas seu coração entende. E o coração do homem à
sua frente, também entende. E responde no mesmo silêncio.
Na casinha, bem perto de onde eu moro, o amor não é aplaudido,
publicado, não vira notícia na televisão. Lá, encolhido em cada canto, o amor é
simplesmente vivido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário